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Entendendo as Gerações

15/05/2016

Há inúmeros artigos e livros sobre as diferentes gerações, dentro e fora do Brasil, alguns com certa similaridade, outros com pequenas diferenças. Existe um consenso de que as características das gerações são provenientes do momento histórico-social e dos desafios e dilemas de um determinado período. Mas como ficam os fatores relacionados à educação e cultura?

Para tanto, vamos levar em conta algumas definições de fronteiras entre uma geração e outra. Os veteranos (1922-1943), por exemplo, vivenciaram a 2º Guerra Mundial e a escassez de recursos bem como as dificuldades políticas e financeiras. Assim, foram criados em casa e possuíam como característica o apego à tradição, o que no ambiente profissional se refletia na fidelidade a empresa. A geração posterior, os baby boomers (1943-1960) presenciaram algumas transformações sociais, como a Guerra do Vietnã, a explosão do rock and roll e o surgimento da TV em cores e do celular. Tais acontecimentos moldaram as suas características, como serem poucos receptivos às mudanças, tornaram-se workholics e mantiveram-se leais ao trabalho.

A partir dos anos 1960, houve uma mudança mais real, já que a geração X (1960-1980) tornou o ambiente profissional mais competitivo e incentivou o trabalho em equipe, tornando-se assim mais independente do que as gerações anteriores. Tal mudança se deu devido aos acontecimentos sociais da época, que influenciaram na sua maneira de agir, como a Revolução de 64, o surgimento da Aids, dos computadores e videogames, etc.

Contudo, a grande quebra de paradigma veio através da geração Y ou millenials (1980-2000) que já não demonstrava tanto apego mais à tradição nem fidelidade à empresa. Sem falar na polêmica de ter pouca subserviência e paciência com trabalhos repetidos.

Tal comportamento foi extremamente influenciado pela globalização e pelo livre acesso à internet. Por fim, a atual geração Z trouxe para a sociedade uma nova realidade que valoriza ações e trabalhos colaborativos e criativos e, consequentemente, pouca preocupação com a privacidade. Isso devido, principalmente, a explosão das redes sociais.

O intervalo de 20 anos entre as gerações demonstra que em determinado período o indivíduo recebeu alguns estímulos e influências da família, escola, trabalho e do ambiente externo. Estas influências podem ser ou não preponderantes na formação do indivíduo. Peguemos como exemplo uma pessoa que nasceu em 1964, que é extremamente workaholic e tem baixa fidelidade a empresa. Fatores como educação, por exemplo, exercem uma influência poderosa na formação do indivíduo.

Peguemos ainda duas famílias de workaholics que nasceram em 1950, as duas sobre as mesmas influências de uma época. Uma família incentiva que os filhos adotem o mesmo rigor de trabalho, seguindo o seu exemplo, a outra não quer repetir os mesmos erros de sua geração e cria seus filhos de modo que eles vivenciem o trabalho de outra forma. Com certeza, teremos filhos diferentes de uma mesma geração.

As mães que tiveram seus filhos adolescentes, situação típica nas faixas de idade dos veteranos e baby boomers, criaram suas crianças sem ter completado a sua própria formação. A educação recebida pelos filhos pode ter ou não influência de uma época, já que os pais não tinham se quer seus próprios valores definidos.

A classe social pode preponderar sobre o conceito das gerações, ou seja, se o indivíduo que nasceu no período X ou Y não pôde ter acesso a computadores, seja porque nasceu em um ambiente rural, seja porque não teve condições econômicas, pode não se enquadrar em nenhuma das duas gerações.

Na perspectiva das organizações, é importante olhar esse comparativo entre as gerações com mais detalhe e fazer conexões mais amplas e profundas. Interpretar que todos os profissionais que nasceram na geração X não são hábeis tecnologicamente e todos os jovens de 18 anos são criativos e fazer planos de desenvolvimento com base em premissas genéricas pode ser temerário.

As empresas que possuem uma grande variedade de gerações de diferentes classes sociais e econômicas com certeza possuem uma variedade de histórias e personalidades distintas, independentemente da idade.

Por fim, acho que vale a pena citar o livro The Gen Z Effect, de Tomas Koulopoulos e Dan Keldsen, que traz um olhar valoroso quando os autores afirmam que seria muito mais construtivo para as empresas buscarem as complementariedades e não as diferenças, algo que unifique as gerações, e não as distancie.

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