Imagine uma organização de qualquer segmento, com metas e objetivos de curto, médio e longo prazo tentando desenvolver ações competitivas para garantir seu posicionamento em um mundo VUCA (vulnerável, incerto, complexo e ambíguo). Agora imagine esta mesma organização precisando ser inovadora e “fora da caixa” em termos de tecnologia, contando com seus executivos experientes e talentosos, porém com pouco conhecimento do mundo digital.
Esta realidade tem estimulado algumas organizações no mundo a pensar no Reverse Mentoring. Uma dinâmica onde a categoria de jovens ajuda o executivo a desenvolver algumas habilidades, mas será que dá certo? Será que as pessoas aceitam este processo facilmente?
Tempos atrás o jornal Washington Post publicou matéria com uma pergunta básica para executivos seniores: você é aberto a ser mentorado por alguém mais jovem que você? 70% dos entrevistados disseram que sim e 30% disseram que depende.
Vamos contextualizar. As organizações de um modo geral entendem classicamente a senioridade e prontidão da liderança como uma soma de experiências, competências e resultados que os profissionais trazem ao longo dos anos. Esta somatória pode gerar ou não promoções e oportunidades verticais ou horizontais. A linguagem implícita neste princípio parece ser: a senioridade/experiência da liderança gera resultados. Vale dizer que em algumas organizações prontidão significa a somatória de anos apenas.
Olhando para este cenário, parece ser incomodo e incoerente introduzir um programa onde as pessoas jovens vão ajudar executivos seniores. Há quem diga que não existe a menor necessidade de nomear um programa para existir este processo, pois ele precisa ser natural. Mas será isto mesmo? Será que o reverse mentoring precisa ser de alguma forma estimulado pela empresa que queira adotá-lo?
Agora imagine uma organização que cria experiências, fóruns e espaços para a troca de visão, onde a maturidade/senioridade da gestão é entendida como uma competência que tem o seu valor legítimo e deve ser valorizada assim como a contribuição proveniente de diferentes gerações.
O exercício da Liderança não deve se limitar ao alcance de metas e resultados. Deve inspirar uma cultura de inclusão e troca, acolher as contribuições que geram valor agregado ao negócio, construindo assim um legado que vai servir de exemplo para futuras gerações.
A palavra “reverse” traz implicitamente um sentido paradoxal aos métodos tradicionais de gestão, mas traz também o acolhimento do novo e do diferente, ingredientes importantes para o crescimento das pessoas e organizações.